quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Saudade de voltar a escrever!!


Distingue-se entre os humanos aqueles que se sentem divididos em um passado e um futuro e aqueles que vivem o presente com cada vez mais densidade, sempre mais plenitude. Os orientais acham natural insistir menos sobre a morte do que se passa do que sobre a perfeição do que se acaba, como aprofundamento da realidade. Nós, ao contrário, começamos a ver aquilo que nos chega, apenas sob o aspecto sempre mais sinistro da morte - como tudo o que se observa de um olhar exterior, logo mortíferoEla preferia ser uma musa a uma mulher de verdade, na arte seria contemplada sua luz ou sua sombra, mas sem o julgamento do olhar comum. Queria uma vida amena, mas a vida nunca era amena e nos dias cinza, ficava cinza também, lembrava das imperfeições humanas, suas imperfeições e deseja de novo ser tinta fresca, azul, sem culpa, sem existência num mundo real , só no onírico onde tudo era possível, o amor, a vida, a pulsação firme das horas que não passavam nunca, apenas vibravam. E não permitiria que sua tela fosse em branco e preto, queria a dança das cores, a alegria ,a alegoria, a poesia desmistificada, vívida, vivida. Ela queria ser , mas não ser o indesejável, a impermanência , a imanência a um mundo frio e sem sentido, por isso sonhava com jardins muitos floridos, música de violoncelos muito afinados e sair da casca dura que os anos tinham incorporado ao seu corpo. Sonhava em ser folha verde e orvalhada e beber da chuva como quem mata a sede de oásis. Ela sonhava, mas não bastava o sonho, levantou as asas, ventilou sua alma e uma lágrima de incompreensão borrou sua visão. Pensou de novo no quadro, em ser musa, virar uma flor branca e pura e dizer ao mundo a sua volta que a vida devia ser mais. Dormiu sobre si mesma e acordou para o dia seguinte, vestiu sua roupa e foi trabalhar..."

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